Palavras
à sorte
Escolhi uma palavra a sorte
e calhou-me “portuguesa”
Não consigo fazer um poema.
Mas que tristeza!
Isto não vai ficar bem
nem com ajuda de magia.
Cada vez que escrevo poemas
Desrespeito a poesia.
Já não vem nada
A esta cabeça oca
Mais vale escrever porcaria
Do que dizê-la pela boca.
Diogo Dias 11A
Cinema com palavras.
Menores com vida.
Abre a janela, cidade aberta.
Vê e ouve livros.
Neste mês de março abre a janela.
Diogo Soares 11A
Arrisca
Riscar
Marie é assediada pelo Georges, que lhe rouba a
prostituta. Os problemas só começaram...
Diogo Dias 11A
Com vergonha do segundo marido, Alberta mata o cão,
dentro das grandes paredes da casa, com as janelas abertas. Duas das filhas,
lutam uma com a outra para conquistarem o seu amigo. A escolha de uma luta é um
apelo à violência que aumenta no mundo.
Gonçalo Lemos 11A
Quando pensas que a tua vida é má, mas vês uma imagem do
passado, no qual crianças trabalham como escravas, quase de graça, sem acesso à
liberdade da infância, apercebes-te de que afinal aquele 3,3 a matemática não é
razão para o suicídio.
Carlos Alves 11A
Fragmentos
Acordei ontem de manhã de um sono inocente. Comecei a
ver, sentir e ouvir, e descobri que estava à
descoberta, à procura de algo ou alguém, à procura de um fim, à procura de
algo que começasse e acabasse, como a lenha acaba em cinzas brancas depois de ardida, à procura de visões, à procura de
diferentes formas de procurar…
Daniel Campos 11A
Braga, cidade bela
Onde os deuses repousaram
Por paisagens quase sentimentais
A cultura foi criada.
Catarina Pereira 11A
Existia um cão
Com um bom coração.
Ele gostava de viajar
Por dentro do mar.
O cão era o capitão,
Chefe do navio.
Não tinha ninguém no coração
Pois o tinha vazio.
Ariana Morais 11A
Quando tudo parece acabar
A música é única opção
Pois com ela conseguimos acalmar
O desespero do nosso coração.
Apesar de tudo piorar
Só há uma forma de esquecer:
Colocar os fones a tocar
E esquecer da vontade de morrer.
José Vilaverde 11A
Retorno ao ponto de partida a fingir que está tudo bem: o
corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro como forte, oposto da chegada
com restos de chamas dentro do corpo, entre um começo e o outro não há nada
senão gritos desesperados sob as conversas.
Carlos Alves 11A
Por mais que o tempo passe
eu não consigo com este sofrimento de amar.
Por isso mesmo eu não sei o que faça,
portanto não me critique por minha raiva descarregar.
Por mais que eu tente não posso fugir
E o melhor que eu faço
É descarregar e a boca abrir.
João Barroso 11D
Poema
ladrão.
Homem Ferreira de Melo.
À força de um alento verdadeiro
deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua.
Parece uma renúncia que ali vai
a ver fantasmas e a dançar na lua,
a rasgar seu magro cativeiro.
É um carvalho a nascer
nas noites estreladas
até ao abismo da ternura derradeira.
Alberto Nemesio
A tempo entrei no tempo
E a minha voz contente dá as boas noites
E lá fora um grande silêncio
Como um Deus que dorme
A tarde suave e os ranchos que passam
Como quem se salva a tempo
Com mais tempo terei tempo
Sentir a vida a correr por mim
Ana Luísa 11A
Vergílio Meireles
Desgaste, corrosão do que de novo
de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida. Entre um começo e
outro não há nada
não se as minhas perguntas aos depósitos do nada,
exceto nada da vida vivida
pergunto-te onde se acha minha vida.
Inês Magalhães 11A
Dá-me a tua mão.
Parece uma renúncia que ali vai.
A força de um alento verdadeiro.
Deixa que a minha solidão
Da bolota que cai
até ao abismo da ternura derradeira
a rasgar o seu negro cativeiro! Ser!
Nas noites estreladas
E é um carvalho a nascer.
Dá-me a tua mão companheira.
Do que a vida é capaz...
Para aqui de mãos dadas!
O que o dedal da seiva faz
a ver os fantasmas a dançar na lua.
Bárbara Lobo 11A
Meto-me por dentro, e fecho a janela.
A tempo entrei no tempo
E lá fora um grande silêncio como um Deus que dorme.
Sem tempo dele sairei.
Oxalá a minha vida seja sempre isto
Contra tempo, eterno
O dia cheio de sol ou suave de chuva.
No fim dos tempos serei
o último olhar amigo dado ao sossego das árvores.
A paz que usei, e a minha voz contente dá as boas noites
E entretanto, durei.
Diogo Soares 11A
Se é real a luz branca
julguei possuir estrelas
desta lâmpada
real a mão que escreve
são reais os olhos que olham a escrita?
Ai como estrelas andaram
misteriosas e distantes.
Diogo Dias 11A
Enfim, depois de tanto ano passado
Apesar das ruínas e da morte
Tantas retaliações, tanto perigo
A força dos meus sonhos é tão forte
Nunca perdido, sempre reencontrado
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sempre comigo um pouco atribulado.
Ricardo Pereira 11A
Antero de Moraes
Enfim, junto do mar tanto perigo.
O velho amigo hesita dum pensamento.
Um pouco atribulado lamento.
Força obscura? Tortura comigo!
João Barroso 11D